quinta-feira, julho 06, 2006

Portugal – França, a crónica


A falta de imaginação, leva-me, a partilhar aquilo que foi dito ontem sobre o jogo do infortúnio.
Deixo-vos também, com as declarações de alguns dos jogadores da selecção.

Transcrito do site maisfutebol
Acabou, «finito», «kaputt». O sonho da primeira final mundial de uma selecção portuguesa ficou no relvado do Arena. Em Munique, apesar de ter assinado a sua melhor exibição na prova, Portugal não foi capaz de inverter o peso da história e voltou a cair com a França numa meia-final. Outra vez com um «penalty», outra vez com Zidane a revelar-se o homem das decisões certeiras e dos nervos de aço.
Nada a apontar, nem quanto ao desfecho de um jogo decidido por um detalhe nem quanto à exibição da equipa de Scolari. Pelo contrário: se este jogo exigia concentração absoluta e uma equipa ao seu melhor nível, ela foi pontual, fazendo jogo igual com uma França que, sob a batuta de um Zidane em estado de graça, se descobriu cópia rigorosa da equipa sólida e perfeccionista de 1998 e 2000.
Não era preciso ser adivinho para antecipar um jogo equilibradíssimo, compacto, com cada metro de espaço negociado com litros de suor. As equipas cumpriram o esperado, com a boa notícia de Portugal, com Maniche e Ronaldo decididos a fazer o jogo das suas vidas, respondendo desde os primeiros minutos ao estatuto de favorito do seu adversário.
(…)
Quando a França tinha a bola, Henry, mesmo bem vigiado parecia sempre capaz de um rasgo que decidisse o jogo. Foi o que aconteceu aos 32 minutos: com um metro a mais do permitido, conseguiu virar-se, enganou Ricardo Carvalho, que não resistiu ao reflexo de deixar o pé. «Penalty», que Zidane converteu com classe, apesar de Ricardo ter ficado a milímetros de novo milagre.
Pela primeira vez em desvantagem, Portugal tinha uma montanha gigantesca para escalar. Teve personalidade nesses minutos finais da primeira parte, e, com Ronaldo insaciável, deixou sempre a impressão de ser a melhor equipa no terreno.
(…)
O empate esteve perto, sim, apenas uma vez: o livre de Ronaldo motivou uma defesa atrapalhada de Barthez, a bola sobrou para a frente e o tempo pareceu suspender-se quando Postiga e Figo se aproximaram para a recarga de cabeça. Coube ao capitão lançar a moeda ao ar no cara ou coroa entre Berlim e Estugarda. O tempo voltou a andar, definitivo, sem apelo, quando a bola saiu dez centímetros acima da trave. Foi coroa, e Portugal perdeu.
by Nuno Madureira enviado-especial à Alemanha

Declarações de Ricardo
Infelizmente não consegui agarrá-la. Fizemos tudo para que fosse diferente, mas penso que caímos de pé e saímos daqui de cabeça erguida. A tristeza que sentimos hoje não belisca em nada o orgulho que sentimos em estar aqui a defender a Selecção Nacional e de sermos portugueses. A frustração é por pensar que podíamos ter ido mais além, as coisas podiam ter sido um pouco diferentes. Agora temos de recuperar para no sábado termos o ânimo e a dignidade que sempre tivemos.
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É um lance que sentes que estiveste quase a agarrar e não conseguiste. O Zidane bate muito bem a bola. É sempre difícil quando estamos muito perto de apanhar a bola e não conseguimos.
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Esta equipa toda se bateu briosamente com uma dignidade muito grande. Saímos daqui de cabeça erguida e vamos lutar por um terceiro lugar com muita dignidade.
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Não queremos de maneira nenhuma desculpar-nos por isso, mas tiveram oportunidade de ver que não houve um critério uniforme. Para jogos destes, tão equilibrados, que são decididos por pequenos detalhes, o árbitro cometeu muitos erros. É assim o futebol...
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Acreditamos sempre até ao fim que podemos ajudar a equipa e foi isso que tentei fazer. Infelizmente não foi possível, mas ficou provado que tudo tentámos.

Declarações de Figo
É o destino, infelizmente é assim, neste momento estamos todos decepcionados, tristes, por este resultado, mas ao mesmo tempo orgulhosos por pertencer a este grupo de trabalho. É uma mistura de sentimentos. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para chegar a esta final. Quando se dá tudo, não se pode pedir mais. Não fomos inferiores em termos gerais à equipa da França, mas não conseguimos fazer golos.
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O árbitro teve uma actuação inteligente, não mostrou cartões à França, para poderem jogar a final, marcou um penalty contra e não marcou um a favor.

Declarações de Ronaldo
A França teve aquela oportunidade do penalty e pouco mais, é obvio que ficámos frustrados. O árbitro foi injusto para os dois lados, houve muitos momentos em que podia ter mostrado amarelos e não mostrou. Portugal já mostrou que é uma equipa que joga bom futebol. Temos de estar felizes por aquilo que fizemos, demos tudo, mas não conseguimos ganhar. Estávamos a um passo da final e sermos prejudicados desta maneira é... muito mau
(…)
Fiquei um pouco revoltado com tudo, porque acho que Portugal esteve bastante bem, teve bastantes oportunidades. Na situação do penalty, basta ver as imagens da televisão. Mas o jogo já acabou e agora há que dar os parabéns à França. Somos um país pequeno, mas muito grande de uma forma geral. Um povo trabalhador que acredita sempre. Em vários momentos do jogo penso que o árbitro não foi justo, devia ter mostrado mais amarelos. Agora queremos ganhar à Alemanha para dar mais uma alegria aos portugueses.
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Era um sonho chegar a uma final do Campeonato do Mundo, não conseguimos, mas agora há que levantar a cabeça e ganhar à Alemanha. Temos qualidade, já demonstrámos que temos uma grande equipa.

Declarações de Scolari
Não quero falar de arbitragem. Acho que ele é um excelente árbitro e sabe fazer muito bem aquilo que quer. A França não foi melhor do que nós. Foi tudo muito equilibrado e a grande penalidade, que aconteceu, decidiu tudo. Somos um país muito pequeno e foi muito difícil chegar até aqui. Houve poucas oportunidades de golo e o normal teria sido um empate e consequente prolongamento ou grandes penalidades.
(…)
Vamos deixar passar essa melancolia, esse sonho que se desfez, e a partir de amanhã refazer o grupo e ir buscar um terceiro lugar, que num Mundial é muito interessante. Sábado, em princípio, teremos algumas dificuldades, porque temos menos um dia de descanso. A minha frustração é ultrapassada nas próximas quatro/cinco horas, nas conversas com os meus colaboradores e familiares. Amanhã já tenho que estar preparado para preparar o último jogo. O que fizemos foi excelente e agora queremos chegar ao terceiro lugar.
(…)
Portugal era o patinho feio.
(…)
Se existem razões para a América do Sul se sentir envergonhada, é por causa de arbitragens como esta. Tentámos fazer tudo, mas não conseguimos vencer. Portugal é um patinho feio neste mundo do futebol e sabíamos disso. O meu futuro? Não tenho nada definido ainda. Vou pensar e depois falar com o presidente. Ainda não é o timing certo para abordar essa situação.


Polémicas à parte, achei que o final do jogo foi muito emotivo. Senão vejam a manifestação de afecto entre estes 2 jogadores, que tinham acabado de ser adversários, Figo e Zidane.
Para quê haver distúrbios como aqueles que houve em França, quando a selecção francesa ganhou o jogo? O que aconteceria se tivessem perdido?
Meus caros franceses, ponham os olhos nestes 2 homens, que depois de serem adversários em campo dão este abraço tão amigável, trocam as suas camisolas e ainda as vestem. É certo que já foram colegas e a amizade ficou, mas penso que isto não aconteceria com qualquer pessoa. É bonito de se ver!!!!

2 notas celestiais

Margarida disse...

ainda não caí em mim :S

mas viva Portugal :) sempre e sempre. os nossos meninos merecem!

The Star disse...

Nem eu, linda. Ando tão frágil, que até uma constipação me visitou. Estou mesmo para baixo...
Só me resta esperar que amanhã o árbitro não seja trapaceiro, porque capacidades para ganhar, os nossos lindinhos têm.

Força, PORTUGAL!!!!

2 notas celestiais