A viagem recomeçou em direcção a Ponte de Lima até Ponte da Barca. Em Entre Ambos-os-Rios deixei as estradas principais para entrar em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês. A constante, a partir daqui, era as curvas, as povoações esquecidas entre montes e vales e as paisagens de cortar a respiração.
Parei numa terrinha pequenina, encurralada entre montanhas, chamada Germil, na Serra Amarela. O meu destino era a Barragem de Vilarinho das Furnas, mas tive de parar por ali para pedir direcções. Estava um bocadinho perdida. A pessoa com quem falei, tinha já a sua idade, e via-se que estava sedento para conversar com alguém… Por ali, não se via viva alma, para além dele. Ia-me contando a história completa da sua vida, achei muito engraçado. As casinhas ali eram todas baixinhas, com 2 pisos no máximo, todas localizadas em ruazinhas em declive, muito íngremes, todas de pedra. Segundo as indicações do senhor, a barragem não estava longe. Era só continuar a estrada sempre em frente. No entanto, a estrada parecia interminável, já que era estreita, de 2 sentidos, cheia de curvas e contracurvas, e sempre muito próxima de precipícios impiedosos. A estrada atravessava a serra toda, quando deixava uma montanha para trás logo vinha outra, ainda mais alta e com caminhos ainda mais sinuosos. Valeu mesmo a pena, pela paisagem fascinante, fora isso…
Quando pensava que estava a chegar à barragem, encontrei mais uma povoaçãozinha, Brufe. É uma aldeia muito bem preservada e cuidada. As casas, são quase todas de granito e muitas encontram-se em excelente estado de conservação. Apesar de algumas serem meras casas de férias ou de fim-de-semana, outras há que ainda são habitadas por gentes da terra. Existem alguns pormenores muito interessantes: o relógio de sol, o nicho, os espigueiros… Sempre tive muita curiosidade em ver os espigueiros, não sei porquê acho que são construções muito interessantes. Não são mais do que edificações de pedra usadas para armazenar os cereais, a sua função primordial era secar o milho atrás das fissuras laterais e ao mesmo tempo, impedir a destruição dos cereais pelos roedores, através da elevação do espigueiro. Em Brufe, voltei a perguntar se iria no caminho certo para a barragem, ao que me responderam, que era já ali a seguir. Felizmente, desta vez tinham razão.
Só tive de passar mais umas dezenas de curvas, quando comecei a avistar lá ao fundo o paredão da barragem, a albufeira e toda a magnificência da montanha, que acompanha o rio Homem. Ao atravessar o paredão, senti que, apesar de ter sido difícil chegar, faria o caminho todo outra vez, só para estar ali novamente. A paisagem é indescritível. De um lado, temos uma imensidão de água que corre ao longo do vale apertado pelas montanhas que o rodeiam, do outro temos o abismo que termina 94 m lá mais abaixo no paredão da barragem. Do lado do rio, enjoamos por ver tanta água, do lado do abismo temos vertigens por ser tão alto. Porque será que me fascinou tanto aquela barragem? Tem uma magia invisível, devo ter sido enfeitiçada. :P
Com a construção da barragem, em 1972, há mais de 30 anos, ficou submersa uma aldeia comunitária que apenas é visível quando a água escasseia. Do paredão não se consegue avistar as ruínas da aldeia que em tempos se chamou Vilarinho das Furnas, e que deu o nome à barragem. Mas poucos quilómetros mais à frente, depois de se sair da barragem existe um miradouro na margem oposta àquela onde se situam as ruínas de Vilarinho das Furnas, de onde se conseguem avistar os restos mortais da antiga vila. É triste pensar que em tempos ali existiu vida, famílias que ali nasceram e cresceram. Sei que a construção de barragens equivale ao progresso e ainda bem que isso acontece… Mas se a mim me fez confusão pensar que aquela aldeia ficou submersa, nem imagino que os próprios habitantes terão sentido. Mesmo ao lado destas ruínas, no Inverno costuma correr uma cascata, que infelizmente estava seca. Mas ainda tive oportunidade de ver água a serpentear e a reluzir pela serra abaixo, uma visão do paraíso.
Um pouco mais à frente, entrei no coração do parque, tinha chegado à Geira Romana. Trata-se de uma estrada romana que ligava Braga a Astorga e que actualmente nos permite chegar a Portela do Homem (antiga fronteira). Durante todo o percurso ficamos deslumbrados com as paisagens e o silêncio absoluto, a solidão que se sente. Por entre muito pó lá nos vamos cruzando com outros condutores ou ciclistas aventureiros. É um percurso muito pitoresco, que nos possibilita entrar em contacto directo com a natureza.
Depois da estrada de terra batida e muitas mais curvas cheguei à Vila do Gerês e a Vilar da Veiga onde almocei numa pensão, muito acolhedora que tinha uma vista panorâmica magnífica sobre a vila.
Após o merecido almoço, desci a serra em direcção a Vieira do Minho, cheguei às margens do Rio Caldo, um afluente do Rio Cávado. Uma paisagem fascinante, com muito sol, encostas decoradas com pequenas casas e grandes pensões, um rio que luzia ao sabor dos raios solares e 2 pontes que atravessam o mesmo rio, quase no mesmo local. Um ambiente muito fresco onde os turistas se dedicavam ao remo e aos passeios de barco ou de mota de água. Digo-vos uma coisa, este local merece mesmo ser visitado. Apetecia continuar por ali!!!
Acedam a este link sobre Terras de Bouro, aposto que vão querer visitar este concelho.
Dali passei pela Póvoa do Lanhoso, a primeira localidade que eu visitava com prédios desde há algum tempo atrás. Mas meu próximo destino era Guimarães, a cidade berço. A 1ª visita foi dedicada ao castelo, como é óbvio. Este castelo teve origem numa torre, a torre central, que já aí existia, tudo isto há quase 1000 anos atrás. Diz a lenda que este foi o local de nascimento de D. Afonso Henriques. No entanto, não é desta altura o castelo que hoje se vê. A última intervenção conhecida foi já no início do século passado. Entre as mais diversas utilizações que teve, a fortaleza serviu de palheiro real e até se chegou a colocar a hipótese da sua demolição tendo em vista o aproveitamento da pedra no calcetamento das ruas da cidade. É caricato mas é verdade, um dos castelos mais famosos do nosso país, não chegou aos nossos dias no melhor estado possível. É certo que é muito antigo, e nunca se valorizou tanto o património arquitectónico como os dias que correm, mas acho que o poderiam tentar recuperar, como fizeram com o Paço dos Duques de Bragança, que também esteve 4 séculos seguidos ao abandono. A famosa estátua de D. Afonso Henriques, obra de Soares dos Reis, encontra-se de guarda à porta do Paço, para nos dar as boas vindas.
Depois dei um passeio pela cidade para vislumbrar as igrejas, as casas típicas, tudo a fazer lembrar os tempos da monarquia, dos reis, das princesas e dos cavaleiros. Mas para ter uma visão mais abrangente de toda esta paisagem nada melhor do que uma visita ao Monte da Penha, precisamente. São 7 km sempre a subir, pelo que fui de teleférico até lá acima. A viagem sabe a pouco, porque faz-se em 10 minutos, mas temos tanta coisa para apreciar na viagem, que achamos que não conseguimos ver tudo em tão curto espaço de tempo. Solução, descer no teleférico, novamente. O teleférico passa mesmo por cima das estradas e das casas construídas entre a vegetação, muito rente às árvores, por vezes dá vertigens, mas nada que não se supere.
A visita a Guimarães estava concluída, seguiu-se Braga. Subi ao Monte do Sameiro de onde se avista uma paisagem esplendorosa sobre a cidade e os arredores. O santuário do Sameiro, aí localizado é muito recente, a sua construção terminou já em meados do século passado. Em frente do templo, encontra-se uma escadaria com 265 degraus e conduz-nos à lanterna do Zimbório com 623 metros de altura de onde é possível ter uma bonita e vasta vista panorâmica sobre o Minho.
Dali passei pela Póvoa do Lanhoso, a primeira localidade que eu visitava com prédios desde há algum tempo atrás. Mas meu próximo destino era Guimarães, a cidade berço. A 1ª visita foi dedicada ao castelo, como é óbvio. Este castelo teve origem numa torre, a torre central, que já aí existia, tudo isto há quase 1000 anos atrás. Diz a lenda que este foi o local de nascimento de D. Afonso Henriques. No entanto, não é desta altura o castelo que hoje se vê. A última intervenção conhecida foi já no início do século passado. Entre as mais diversas utilizações que teve, a fortaleza serviu de palheiro real e até se chegou a colocar a hipótese da sua demolição tendo em vista o aproveitamento da pedra no calcetamento das ruas da cidade. É caricato mas é verdade, um dos castelos mais famosos do nosso país, não chegou aos nossos dias no melhor estado possível. É certo que é muito antigo, e nunca se valorizou tanto o património arquitectónico como os dias que correm, mas acho que o poderiam tentar recuperar, como fizeram com o Paço dos Duques de Bragança, que também esteve 4 séculos seguidos ao abandono. A famosa estátua de D. Afonso Henriques, obra de Soares dos Reis, encontra-se de guarda à porta do Paço, para nos dar as boas vindas.
Depois dei um passeio pela cidade para vislumbrar as igrejas, as casas típicas, tudo a fazer lembrar os tempos da monarquia, dos reis, das princesas e dos cavaleiros. Mas para ter uma visão mais abrangente de toda esta paisagem nada melhor do que uma visita ao Monte da Penha, precisamente. São 7 km sempre a subir, pelo que fui de teleférico até lá acima. A viagem sabe a pouco, porque faz-se em 10 minutos, mas temos tanta coisa para apreciar na viagem, que achamos que não conseguimos ver tudo em tão curto espaço de tempo. Solução, descer no teleférico, novamente. O teleférico passa mesmo por cima das estradas e das casas construídas entre a vegetação, muito rente às árvores, por vezes dá vertigens, mas nada que não se supere.
A visita a Guimarães estava concluída, seguiu-se Braga. Subi ao Monte do Sameiro de onde se avista uma paisagem esplendorosa sobre a cidade e os arredores. O santuário do Sameiro, aí localizado é muito recente, a sua construção terminou já em meados do século passado. Em frente do templo, encontra-se uma escadaria com 265 degraus e conduz-nos à lanterna do Zimbório com 623 metros de altura de onde é possível ter uma bonita e vasta vista panorâmica sobre o Minho.
As cores do final do dia produzem fotografias extraordinárias. Mas o dia ainda não tinha terminado, não sem antes visitar, mais uma vez, o Bom Jesus de Braga. Desta vez, o tempo ajudou, e não choveu, como tinha acontecido na minha última visita. Deu para sentir o aroma dos jardins e dos canteiros de flores muito coloridas, visitei também uma gruta artificial com uma bica de água gelada em pleno Verão, e deu para observar a escadaria do Bom Jesus com o seu elevador hidráulico mesmo ali ao lado. Tanta coisa para visitar e o tempo que escasseava…
(continua no próximo post… se ainda teverem paciência para ler estas minhas publicações tão longas!!!)
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