Terça-feira de Carnaval foi dia de ir ver o West Side Story pela 3ª vez. Sim, é um musical que vale a pena ver mais do que uma só vez, e como existem diversos elencos, há que vê-los a todos. Ainda me falta ver o Ricardo Soler como Tony e a Cátia Tavares no papel da doce Maria.
Há muito que estava prometida a 1ª fila e é claro que a perspectiva para o palco é completamente diferente, e é uma experiência que quero continuar a repetir muitas vezes. Dali tudo se vê, tudo se sente, dali tudo nos chega do palco, quase entramos nas ruas de Nova Iorque e assobiamos e estalamos os dedos com eles. :p
Neste dia o Tony foi o Rui Andrade. Cada vez que o vejo na pele do Tony, mais me cativa e mais me envolve. Ele tem imenso carisma e é encantador. O seu timbre de voz encaixa na perfeição na personagem.
A Maria foi a Bárbara Barradas a dar-lhe vida. Ela, tal como o Rui, encanta mais a cada actuação que vejo (e esta foi já a 3ª vez!). A sua voz, a raiar o lírico, é tão forte que só de a ouvir é difícil não me emocionar. Grande Bárbara!
Acho fantástica a química que este casal emana e estar ali a escassos metros, tudo parece ainda mais real.
O Bernardo, nessa noite, foi interpretado pelo Telmo Mendes, que conseguiu imprimir na personagem toda sensualidade que a caracteriza e no mambo foi gracioso. Ainda não foi desta vez que o vi entrar em cena. No palco por essa altura, já os ânimos entre os Jactos e os Tubarões estão muito acesos, pelo que me distraio sempre da entrada do Bernardo.
Vi a Anita, pela 2ª vez, ser interpretada pela Lúcia Moniz. Confesso que desta vez amei a sua Anita, não que não tivesse gostado de a ver na actuação anterior, mas desta vez consegui ver a Anita forte que ama o Bernardo com todo o seu coração e que depois é frágil e sofre por esse amor. Talvez a 1ª fila nos ligue mais às personagens. O que é facto é que desta vez tudo parecia perfeito!
O Tenente Shrank é agora representado pelo já conceituado Nuno Guerreiro. Ele tem a difícil tarefa de nos fazer abstrair da personagem que começou por ter como intérprete o Carlos Quintas. Eu digo que a tarefa foi superada e com distinção. O Carlos Quintas está agora no Porto em ensaios para o próximo musical do mestre La Féria.
E já que se fala em autoridade quero também destacar a forma como o Tiago Isidro dá vida ao Sargento Krupke, que mesmo sem nos brindar com a sua fabulosa voz nos encanta. Ele é o causador de uma das cenas que mais gosto em todo o musical, a cena em que é satirizada a juventude americana, onde os Jactos são os protagonistas.
O Riff, o talentoso Quincas (ups, isso é de outro musical!), o Tiago Diogo, cresce a cada noite que o vejo. Ele é o líder dos Jactos e que grande líder. Na dança é harmonioso, na representação tem presença, na música fascina-nos com a voz.
O Alberto Villar, o mais veterano em palco, interpreta o Doc, que representa a voz da razão, a quem só aparentemente o Tony dá ouvidos.
Quanto a Glad Hand, o grande David Ventura, que aqui não nos dá prazer de o ouvir cantar com a sua voz maravilhosa (as saudades que eu tenho do seu Cristo!!!), mas nem por isso a sua personagem deixa de ter encanto. O seu papel de gago e a sua tirada fantástica “Pa-pa-pa-rou!” não poderia ser melhor se não fosse feita por ele. São poucas as suas cenas, mas são emblemáticas.
Os Jactos, todos eles, têm a sua importância no desenrolar da história, todos têm o seu “quê” de especial.
O Baby John é um dos primeiros Jactos a cativar-nos por ser o caçula do grupo e por ser o “mártir” com quem todos se metem e quem leva porrada de todos.
Para mim, é das personagens que mais tem evoluído e que tem vindo a destacar-se sessão após sessão. Simplesmente, delicioso.
A Cátia Garcia, no papel de Anybodys, é também um bom exemplo de grande evolução. É uma personagem que tem vindo a conquistar o seu espaço. Ela marca pela diferença, apesar de ser uma menina muito jovem, sabe o que quer da vida e quer à força toda fazer parte do gang. Mesmo depois de ser constantemente rejeitada, não deixa de perseguir aquilo que quer. A Anybodys e o Baby John acabam por ser 2 elementos muito cómicos.
O André Lacerda tem aqui um papel à altura do seu talento, ele é A-Rab. Uma personagem muito bem conseguida e muito engraçada. Já não restam dúvidas como ele é mesmo fantástico!
O Snowboy ficou a cargo do talentoso Sérgio Lucas, o vencedor da 2ª edição de Ídolos. Muitos são os talentos que têm saído destes programas televisivos (Bárbara Barradas, Ruben Madureira, Pedro Bargado, Ruben Varela, Ricardo Soler, Rui Andrade, etc). O grande mestre La Féria tem visão! O Snowboy protagoniza a cena “Calma”, a meu ver, uma das mais bem conseguidas em palco. Ele aqui tem a oportunidade de nos maravilhar com a sua extraordinária voz. Esta é a cena onde 2 lindíssimas Harley Davidson entram em palco e me deixam de boca aberta. Depois da subida do pano logo no 1º acto, onde somos brindados com a ponte de Brooklyn e pelos pequenos carros que a atravessam, a cena em que o Snowboy canta “Calma”, é aquela que me deixa novamente embasbacada.
Quanto ao cómico Action, é sempre difícil proferir palavras que consigam enaltecer o engenho do Ruben Varela. As palavras não fluem quando pretendo dirigir-me a ele, já que o seu talento é imenso e qualquer coisa que me saia fica sempre aquém daquilo que gostaria de expressar. Se foi uma grande revelação em papéis dramáticos como Tomé ou Judas no Jesus Cristo Superstar (saudades deste musical!), aqui é uma revelação na comédia e na dança. Adoro as suas expressões faciais, ora se mostra durão (cara de mauzão!), ora nos faz rir com expressões mais cómicas e de “gozo”.
Tem algumas tiradas que me levam às lágrimas de tanto rir. Só a título de exemplo, a cena do psiquiatra, quando “saca” os óculos do bolso, se senta nas costas do Big Deal (se não estou em erro) e começa a falar / cantar com os r’s arrastados. Se eu me rio? Não!!! Ninguém lhe acha piada nenhuma! ;) Ou a cena em que ele ameaça “partir a tromba” ao Glad Hand (1º trai o Cristo e depois ameaça-o com porrada, a relação destes 2 não deve ser muito saudável!). :p
Tenho que dizer que o Action não poderia encaixar melhor na “action” da peça. Respeito imenso o Ruben como actor, cantor/músico, como um bailarino cheio de dotes e principalmente pela pessoa extraordinária que se esconde por trás de todas as suas personagens marcantes. Ele próprio uma personagem muito marcante!!! O meu mais sincero obrigado por tudo. You know what I mean! ;)
Quanto aos Tubarões, destaco o Chino, interpretado pelo singular Carlos Martins, que infelizmente aqui não tem a oportunidade de mostrar a sua voz espantosa.
Ainda me lembro como ele me arrepiava ao cantar em JCS, como apóstolo Simão.
Das meninas destaco a Graziela (Vera Ferreira), a Velma (Carla Janeiro), a Estella (Cláudia Soares) – talvez venha daqui um comentário ao meu nome, um nome de estrela! – a Consuelo (Helena Montez) e a surpreendente e cómica Rosália (Ana Cruz).
Destaco também todo o jogo de luzes que faz elevar ainda mais todos os cenários que por si só são fantásticos. As ruas de Nova Iorque foram transportadas para o palco do Politeama.
A orquestra de toca a nossos pés também tem um papel primordial em todo o espectáculo.
Desta vez espero não ter deixado ninguém de fora. Ficou apenas a faltar dizer que o sr. Filipe La Féria é cada vez mais o rei do teatro musical em Portugal. E porquê? O resultado está à vista. Nada é descorado, tudo é efectuado com cálculo milimétrico. As portas de Santo Antão são a nova Broadway ou o West End em Lisboa. Dúvidas? Vão ao teatro e deslumbrem-se. Sei que não se vão arrepender.
PS: Este post saiu-me directamente do coração para o papel, daí ser o comboio de palavras que se vê. Não se preocupem se não o lerem completamente, tenho a certeza que repeti muito daquilo que já disse nos posts anteriores. A quem o conseguir ler do início ao fim, digo que foi corajoso!